Por Franciane Bayer
A lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios trouxe sem dúvidas a diminuição da violência durante as partidas de futebol, aumentando o público feminino, de crianças e idosos. Quando afirmo isto, não falo com base no “achismo” ou por convicções pessoais, mas sim nos relatos sobre os estudos técnicos do Comando da Brigada Militar e da Polícia Civil que trazem em números os reflexos da proibição, assim como das autoridades de saúde e do Ministério Público.
Na Assembleia Legislativa, integro a Subcomissão Mista, criada para aprofundar os debates acerca do tema e que em breve concluirá seus trabalhos. Se por um lado a lei é tida como maléfica para os clubes, que alegam a diminuição da arrecadação, argumento ao meu ver exclusivamente econômico, por outro lado a lei reflete positivamente na segurança e na saúde pública.
Após ouvir todas as partes envolvidas em uma série de audiências públicas, não vejo a venda de bebidas alcoólicas como uma solução para a arrecadação dos clubes que, com a liberação, acabarão tendo que investir em mais segurança, tendo em vista que o Estado não teria como arcar, no momento, com o aumento do efetivo. É verdade que o álcool não é o único responsável pela violência nos estádios.
É verdade que os estádios estão mais seguros, investiram em vídeo monitoramento e segurança privada, o que de fato, ajuda a diminuir os conflitos entre torcidas. Mas também é verdade que essa é uma realidade para a dupla Gre-Nal, o mesmo não acontece com os estádios dos demais clubes gaúchos.
O Rio Grande do Sul foi pioneiro neste assunto, regulou o que já é previsto no Estatuto do Torcedor e vem implementando uma nova cultura que permitiu a criação da torcida mista, uma das mais belas manifestações de convivência e civilidade entre torcedores. Os clubes são privados, a vida é privada, a decisão de beber ou não é privada, mas a segurança é pública. A responsabilidade pela segurança deve ser de todos, mas quem é responsabilizado pela falta dela é o Estado.
Foto: Ariel Pedone
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