Para além de todo o sofrimento e de todos os problemas, a recente pandemia que vivemos nos deixou importantes lições. No âmbito familiar, uma das maiores lições foi a de que não podemos mais negligenciar o papel de pais e mães na formação educacional das crianças. De repente, milhões de pais e responsáveis se viram obrigados a fazer as vezes de tutores e professores. A pandemia passou e o problema voltou a sair de evidência. Mas as dificuldades de aprendizagem, o uso de drogas e a erotização precoce são problemas visíveis, que evidenciam a falta da presença familiar na educação. As famílias, é claro, podem e devem observar isso. Mas é papel dos governos oferecer soluções.
Tem-se evidenciado, nas últimas décadas, aquilo que especialistas chamam de "crise do cuidado". Acontece que, sem a natural rede de apoio familiar e comunitária com que contavam no interior ou no subúrbio, as famílias vivem hoje de modo atomizado em cidades grandes e mesmo nas médias. Pais e mães têm então de escolher entre trabalhar fora ou ficar em casa cuidando de suas crianças ou seus idosos. Buscar recursos para a família e desassistir os hipossuficientes? Ou cuidar de quem precisa e desfalcar o caixa familiar? Sem políticas públicas resolutivas, não há saída para esse impasse.
Algumas medidas são óbvias, como a instalação de mais creches. Mas há iniciativas bastante simples, como a criação de bancos de talentos regionalizados, para que mães encontrem trabalho de meio-turno perto de casa. E, por fim, há soluções que já deveriam ter sido aplicadas, como a inclusão do tempo de cuidado materno no cálculo da aposentadoria da mulher. De qualquer forma, o poder público precisa abandonar a ânsia de regular a vida de pais, mães e filhos com ideias como a criminalização do ensino domiciliar. É preciso, isso sim, vontade de resolver, ajudar quem é responsável por cuidar da base da nação e da civilização. Só não pode o Estado continuar se omitindo
No Dia Internacional da Família, é preciso lembrar a todos, mas especialmente a quem negligencia sua importância, que sem famílias fortes, bem estabelecidas, com valores e afetividade, não há esperança de uma nação desenvolvida, justa e próspera. Na verdade, sem família, não haveria nem civilização. A vida começa e se desenvolve no seio familiar. Um país nada mais é do que uma grande associação de famílias, unidas em comunidades, bairros, cidades, estados. Não é por acaso que a Constituição Federal fixa a família como "base da sociedade", com "proteção especial do Estado".
Deputada Federal Franciane Bayer, Republicanos, Rio Grande do Sul
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